Morreu neste domingo (23), aos 81 anos, o ator alemão Udo Kier. A informação foi veiculada pela revista "Variety" e confirmada pelo artista visual Delbert McBride, com quem Udo era casado. A causa da morte não foi revelada.
O currículo extenso chama atenção por participações em produções de cineastas prestigiados, entre os quais Wim Wenders ("Um truque de luz", de 1995), Michael Bay ("Armageddon", de 1998), Gus Van Sant ("Garotos de programa", de 1991), Quentin Tarantino ("Grindhouse", de 2007), Dario Argento ("Suspiria", de 1977) e Lars von Triers ("Epidemia", de 1987; "Medéia", de 1988; "Europa, de 1991; "Ondas do destino", de 1996; "Dançando no escuro", de 2000; "Dogville", de 2003; "Manderlay", de 2005; "Melancolia", de 2011; "Ninfomaníaca: volume 1 e volume 2", de 2013).
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A feição singular e os olhos azuis hipnotizantes se tornaram uma marca registrada do incansável ator nascido em Colônia, na Alemanha, em meio à Segunda Guerra Mundial, num hospital bombardeado instantes após o parto. Aos 16 anos, mudou-se para o Reino Unido com a intenção de estudar inglês e ali deu os primeiros passos na carreira artística, ainda que negasse o desejo pelo ofício de ator. Dois anos depois, em solo britânico, aceitou um convite do diretor Michael Sarne para encarnar um gigolô no curta-metragem "Road to Saint Tropez" (1966).
De volta a Alemanha, tornou-se presença recorrente em pequenas produções locais. Aos poucos, ganhou fama entre o público — e logo passou a fazer parte do seleto grupo de atores que trabalhavam com o cultuado diretor Rainer Werner Fassbinder. Na década de 1970, projetou-se mundialmente ao realizar parcerias com Paul Morrissey e Andy Warhol, em "Carne para Frankenstein" (1973) e "Sangue para Drácula" (1974), narrativas com alta voltagem sexual.
Nos anos 1990, o homem de traços expressivos e misteriosos — até então conhecido por produções experimentais, incluindo o controverso "A história de O" (1954), drama erótico baseado no romance francês homônimo — foi fisgado por Hollywood. Dali em diante, a diversidade se tornou regra para a escolha de trabalhos do artista, que esteve no elenco de filmes como "Ace Ventura — Um detetive diferente" (1994) e "Blade: o caçador de vampiros" (1998).
Parceria com Kleber Mendonça Filho
Udo Kier esteve a primeira vez no Brasil durante as filmagens de "Bacurau" (2019). No thriller de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ele interpreta Michael, figura que integra um grupo de caçadores que aterrorizam a cidade fictícia que dá nome ao filme.
"O Kleber e o Juliano me lembram, na maneira que eles trabalham com a direção de atores, o Lars Von Trier, no sentido de que dizem: 'Não atue!'. Algumas pessoas acham que 'não atuar' é fácil, mas é mais difícil do que atuar. E essa foi a minha sensação enquanto fazia 'Bacurau', tendo esses dois diretores", contou Udo Kier, em entrevista ao Canal Brasil, à época do lançamento do longa, em 2019.
Em "O agente secreto", Udo Kier faz uma pequena participação ao interpretar um alfaiate judeu, vítima dos nazistas, e que tem um diálogo breve com o protagonista Marcelo (Wagner Moura).
O Globo
