A queda do avião da VoePass que matou 62 pessoas na tarde desta sexta-feira, 9, pode ter sido causada por gelo nas asas. A avaliação é do engenheiro aeronáutico Celos Faria de Souza, perito criminal em acidentes aeronáuticos e diretor da Associação Brasileira de Segurança de Voo (Abravoo). Celos falou ao jornal O Globo.
Segundo ele, existem duas hipóteses para o acidente, sendo que uma delas tem 95% de chance de ser a principal causa. “Havia previsão de formação de gelo na área do acidente. O gelo pode ter se formado na asa da aeronave e o sistema de de gelo, por alguma razão, não funcionou. Com isso, o avião perde sustentação e cai da forma que vemos no vídeo”, diz ele.
O perito observa que é possível ver que a estrutura da aeronave está íntegra, sem avarias, o que reforça a tese do gelo na asa. “Se tivesse que apostar na possível razão da queda, diria que há chance de 95% de que isso tenha provocado a queda”, continuou.
A outra hipótese, segundo Celos, é que a aeronave tenha sofrido um desbalanceamento durante o voo. Isso significa que uma possível carga dentro da aeronave tenha se movido para a parte de trás do avião, o que causaria perda de sustentação e, consequentemente, a queda.
Ao Jornal Opção, o advogado e professor de Direito Aeronáutico, Georges de Moura Ferreira explica que o avião é de um modelo extremamente seguro e que conta, inclusive, com um sistema que evita a formação de gelo nas asas.
“Ele tem um sistema anti-gelo, que fica na frente da asa. Mas se você estiver voando em uma certa altitude, pode ser ideal para a formação de gelo. Formando o gelo, a aeronave tem que voar em uma velocidade cada vez maior. Caso ocorra a formação muito grande de gelo, e a alteração do peso da aeronave, e o piloto diminua a velocidade, o avião perde sustentação antes do programado”, diz.
“Para que isso não aconteça, é necessário acionar o sistema anticongelamento. Nessa aeronave é um sistema que quebra essa camada de gelo. Mas pelo que dá para observar nas imagens, o avião caiu em forma de parafuso chato.
É muito complicado recuperar a sustentação nessa situação, ainda mais em uma aeronave considerada grande como é o ATR”, continua.Ainda de acordo com Georges, esse tipo de acidente é extremamente raro, ainda mais com aeronaves do modelo.
“O ATR é uma aeronave extremamente estável, por ser um avião que tem muita asa. Acidentes com aviões como ele, de médio e grande porte, são extremamente raros”, completa.
Jornal Opção
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