A última e terceira fase de testes clínicos está em curso no país e busca definir se a vacina é eficaz contra a Covid-19. No Brasil, pelo menos 5 mil voluntários da área de saúde participam do estudo, 2 mil deles apenas no estado de São Paulo.
Durante sua apresentação, a médica fez um panorama geral de todas as pesquisas de desenvolvimento de vacinas ao redor do mundo. Além das doses sendo produzidas em Oxford, o Brasil também participa de testes de outras quatro vacinas, incluindo aquela produzida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. Nesta semana, o estado do Paraná anunciou uma parceria com a Rússia para os testes com a vacina anunciada pelo presidente do país, Vladimir Putin. A OMS, entretanto, ainda não garante a eficácia da vacina produzida no país.
— O nosso estudo está indo muito bem e pretendemos que em breve possamos ter dados de eficácia da vacina. E essa corrida não é para ver quem vai chegar primeiro: é uma corrida contra o vírus. Para atender à humanidade, precisaremos de mais uma vacina, para assegurar que ela seja acessível para todos e não apenas para os países mais ricos — afirmou Lily Yin Weckx.
Nesta semana, foi autorizada a participação de voluntários acima de 60 anos nos estudos da vacina de Oxford. Além disso, a pesquisa que previa a aplicação de apenas uma dose nos voluntários agora irá aplicar uma segunda dose. A mudança foi feita após a divulgação, no final de julho, dos resultados prévios da fase dois, que demonstraram a segurança de uso nos idosos e também o potencial de produção de anticorpos após a segunda dose.
A dose de reforço deve ser dada aos participantes após quatro semanas da aplicação inicial. Os voluntários que já passaram pelo estudo deverão ter a segunda dose no intervalo de quatro a seis semanas. O prazo mais alongado é necessário para que haja tempo de fazer contato com o voluntário e trazê-lo de volta à pesquisa.
— Todas essas modificações vão de encontro à nossa realidade. Quando a vacina, se for licenciada, se ela se mostrar eficaz, com certeza ela será dada pelo menos priorizada para os grupos de risco como profissionais de saúde e idosos. Cada vez mais o protocolo vai se aproximando da realidade que teremos — afirmou.
Segundo a professora, as mudanças fazem parte de uma pesquisa que precisa ser realizada “na velocidade de uma pandemia”. Normalmente, pesquisas para o desenvolvimento de vacinas podem demorar vários anos até serem finalizadas. No caso da Covid-19, as fases clínicas precisam ser realizadas ao mesmo tempo.
— A velocidade com que estamos desenvolvendo as vacinas é necessária para encararmos a nossa realidade. Não podemos esperar terminar a fase 1 para depois terminar a fase 2. Em tempos normais talvez pudesse esperar. Mas à medida que saíram dados de segurança na outra faixa etária, mudamos o protocolo. Mas o importante é: não se pulou nenhuma etapa, principalmente de segurança. Nessa fase Anvisa, Conep, todo o sistema regulatório de Brasil tem colaborado na sua agilidade, mas a exigência continua a mesma — afirmou Weckx.
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